Com a primeira usina do Brasil e fazendas solares, estado fortalece sua matriz energética e se consolida como um polo de inovação e economia verde, gerando bilhões em investimentos
O estado de Santa Catarina se destaca no cenário nacional como um centro de inovação e produção de energia solar, impulsionado por um histórico de pioneirismo e investimentos estratégicos. Com a maior fazenda fotovoltaica da Celesc em Capivari de Baixo e o primeiro laboratório de energia solar do Brasil, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o estado demonstra seu compromisso com uma economia mais sustentável e de baixo risco ambiental.
A presença da energia solar em Santa Catarina tem um impacto ambiental significativo. A Celesc, responsável pela distribuição de eletricidade, estima que a iniciativa evita a emissão de aproximadamente 1 milhão de toneladas de CO₂ por ano. Esse volume de redução equivale a plantar mais de 6 milhões de árvores da Mata Atlântica, com base em dados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que estima que cada árvore absorva, em média, 163,14 kg de CO₂.
O Pioneirismo da UFSC e a Expansão da Celesc
A história da energia solar no estado se entrelaça com o trabalho de pesquisa da UFSC. O primeiro laboratório de sistema solar do Brasil, inaugurado em 1997 em Florianópolis, foi um marco para a regulamentação do setor no país. A estrutura, pioneira ao ser ligada à rede pública, auxiliou na definição de normas e padrões que hoje regem a geração de energia solar no Brasil.
O trabalho do coordenador do laboratório e pesquisador Ricardo Rüther, um dos pioneiros no tema, foi fundamental. Em 1998, uma parceria com a Celesc e o Greenpeace resultou no primeiro show da América Latina movido 100% a energia solar, com a banda Jota Quest. Os estudos na UFSC também contribuíram para a criação do modelo de crédito de energia junto ao Ministério de Minas e Energia, em 2012, que permite que o excedente de energia gerado seja utilizado como desconto ou crédito para o consumidor.
A Celesc, por sua vez, ingressou no segmento de geração fotovoltaica em 2021 e, desde então, expandiu seus investimentos. O diretor de Geração, Transmissão e Novos Negócios da Celesc, Elói Hoffelder, destaca que a energia solar apresenta menor risco operacional em comparação a outras fontes, além de ser ambientalmente limpa. As sete fazendas solares da empresa totalizam 12 Megawatts (MW) de potência instalada. A maior delas, localizada em Capivari de Baixo, tem uma área de 45 mil m² e capacidade para atender a mais de 1,5 mil residências.
Potencial Econômico e Social
A energia solar em Santa Catarina não se resume a benefícios ambientais. O estado, que ocupa a 10ª posição nacional em produção de energia solar, possui mais de 148 mil unidades geradoras integradas à rede, espalhadas por telhados e terrenos em quase a totalidade dos municípios (293 das 295 cidades). O panorama demonstra o potencial de crescimento do setor.
Ainda em agosto deste ano, uma parceria entre o governo do estado e a Celesc foi firmada para utilizar a energia limpa das fazendas solares no abastecimento de mais de mil escolas públicas. A iniciativa tem uma previsão de redução de 10% nas despesas com energia na área da educação, o que representa uma economia de R$ 2,3 milhões em dois anos.
Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), o setor de energia solar em Santa Catarina, desde 2012, já gerou mais de 44 mil empregos, atraiu R$ 7,8 bilhões em investimentos e arrecadou R$ 2,3 bilhões em impostos para os cofres públicos.
O coordenador do laboratório da UFSC, Ricardo Rüther, ressalta que, embora a capital Florianópolis seja uma das cidades com menos sol no Brasil, o sucesso da iniciativa demonstra a viabilidade da tecnologia em diferentes condições climáticas. Ele defende que, atualmente, a energia solar é a mais barata e segura disponível no mundo, mudando o panorama econômico e energético.
