Prioridades como crédito facilitado, capacitação e inclusão de grupos minorizados são definidas para a Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, que acontecerá em setembro
A Conferência Livre: Mulheres no centro – democracia econômica, empreendedorismo e direitos, realizada nesta segunda-feira (11), em formato online e presencial em Brasília, reuniu mulheres de diferentes contextos sociais e econômicos para debater as principais demandas e desafios do empreendedorismo feminino no Brasil. O encontro, preparatório para a 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, que ocorrerá entre 29 de setembro e 1º de outubro, teve como foco a formulação de propostas para fortalecer a atuação de mulheres nos negócios, com ênfase na superação de barreiras estruturais e na promoção de políticas públicas eficazes. As propostas definidas na conferência livre serão encaminhadas para integrar o documento final da etapa nacional.
Entre as principais prioridades levantadas durante a discussão estão a criação de linhas de crédito específicas com juros reduzidos, a oferta de cursos gratuitos para empreendedoras e a garantia de uma maior participação feminina em políticas públicas e instâncias de decisão. As participantes destacaram a necessidade de se considerar o risco social na concessão de crédito, especialmente para mulheres que não atendem aos critérios tradicionais exigidos por grandes bancos. Dora Gomes, líder do Comitê de Igualdade Racial do Grupo Mulheres do Brasil, defendeu que, em um país com profundas desigualdades econômicas e sociais, é preciso ir além das garantias convencionais e considerar o histórico de atuação nas comunidades.
O debate também se concentrou na necessidade de políticas públicas eficazes para apoiar mulheres que empreendem por necessidade. A coordenadora-geral de Gestão de Empreendedorismo do Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, Raquel Ribeiro, que participou do encontro, observou que, embora as mulheres empreendedoras sejam melhores pagadoras, elas têm faturamento médio menor e dedicam menos tempo aos negócios do que os homens. A discrepância, segundo ela, indica a necessidade de políticas que abordem o sistema de apoio como um todo, incluindo o acesso à creche, segurança e saúde, para que essas mulheres tenham mais tempo para se dedicar aos seus empreendimentos.
Daise Rosas, do Instituto Reafro, celebrou o momento em que as pautas do empreendedorismo feminino ganham visibilidade. “Nunca fomos atendidas, nunca fomos olhadas com esse olhar que está acontecendo agora”, afirmou, reforçando a importância de que as políticas públicas atuais, como o programa “Elas Empreendem”, sejam mantidas. O encontro também enfatizou a relevância da interseccionalidade, com propostas que garantam a inclusão de mulheres negras, indígenas, com deficiência, mães solos e moradoras de territórios periféricos e rurais nas políticas de fomento ao empreendedorismo.
Ao final do dia, foram definidas três prioridades que serão levadas à conferência nacional:
Acesso ao crédito e financiamento inclusivo: A proposta visa criar linhas de crédito com juros reduzidos e critérios de análise que considerem garantias alternativas, como confiança comunitária e histórico de pagamentos informais.
Capacitação, formação e educação empreendedora: A criação de um Programa Nacional de Formação para Mulheres Empreendedoras foi sugerida, com cursos gratuitos, mentorias e consultorias que considerem a diversidade e as interseccionalidades de cada grupo.
Inclusão e Interseccionalidade: A prioridade é garantir que as políticas de fomento incluam mulheres de grupos historicamente marginalizados, com a criação de programas específicos de aceleração e incubação, além da exigência de representação dessas mulheres em conselhos e instâncias de decisão.
A Coordenadora-geral de Promoção da Igualdade Econômica das Mulheres do Ministério das Mulheres, Simone Schaffer, reforçou que o acesso ao crédito é um gargalo para as mulheres, especialmente para aquelas em situação de vulnerabilidade, que muitas vezes não conseguem atender às exigências dos bancos. Ela destacou a necessidade de crédito com juros baixos ou, até mesmo, o fomento para esses grupos. Para representar o grupo e levar as propostas à etapa nacional, foram eleitas como delegadas Dora Gomes, Daise Rosas e Scarlett Rodrigues, da Rede Mulher Empreendedora. A 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres é a primeira desde 2016 e tem como objetivo discutir e formular políticas públicas para garantir a igualdade de gênero e os direitos das mulheres.
Fonte: Agência Brasil.
